30 de junho de 2014

Primeiro

Ainda bem, fazia sol. não me esquentei, mas sabia da claridade. por dentro estou escuro, dessas cores que não sabemos o nome. estou dolorido. estou flutuante, algo fora de mim. tento me recolher, mas sou todo cacos. restos de lembranças que forjaram quem sou. vestígios de todos os nossos risos, nossos encontros, nossos jantares, nossas frustrações, nosso arrebatamento, nossas conquistas, nossos beijos. sou eu diante do que já não é. sou o que fica, sem saber e ansioso por saber como vai ser. sou um desconhecido, com medo de não me suportar. ainda assim, levantei, certo de que hoje, apenas, antecede amanhã.

2 de maio de 2013

Se eu dormir, me acorde quando entrar

Estou aqui também. Retornei, cheio de palavras guardadas e doloridas.
Deixei a porta destrancada, por que o vazio da casa aguarda o corredor se acender.
Me acendi sobre o que deixei por escrever, na certeza de que um dia teria a lucidez de observar com clareza o furacão que me trouxe no bolso.
Sua pele é alva como a clareza que tenho de que espero.

levantamentos com sangue

de nossos planos, resta-me a gaveta. do porta-retrato, resta-nos por inteiro.

27 de outubro de 2012

sobre os restos deixados na mansão

O fogo é brando. A fumaça é negra. A rua é puro asfalto. A rua é puro lixo. A rua é a casa.
Quando Vânia decidiu-se por Alcides foi como se encomendasse meia dúzia pães dormidos.
A casa de Vânia era só sujeira.

21 de outubro de 2012

alvejante

Casa limpa, flores na mesa. Jantares. Pétalas e velas.
Porta aberta.


Vendaval.

1 de outubro de 2012

Das pertinências e dos despropósitos

Talvez, se tivesse feito terapia e esquecido esse negócio de escrever, ainda ocuparia a cabeceira da mesa de jantar.