22 de abril de 2008

A luta e a garra de Lúcia

Lúcia era uma menina. Uma menina que aos 20 anos saiu de sua cidade no interior de Minas e resolveu ganhar a vida numa “quase-metrópole”.
Chegou por essas bandas num domingo chuvoso, chuvoso pelas lágrimas que lhe escorriam pelo rosto e pela água que lhe banhava o vestido florido. Os olhos brilhavam ao pensar que viria ganhar um bom salário como dama de companhia, numa ótima oportunidade de estudar para tornar-se “televisível”.
Os pais à contragosto despediram-se de Lúcia, com um nó na garganta e uma aperto no peito. A mãe, que já estava doente à época, não pronunciou muitas palavras, apenas um aceno dolorido. O pai, orgulhoso e temeroso, deu um grande abraço, fazendo os irmãos todos assustarem com a sensibilidade que o patriarca ainda tinha.
Nesse domingo, animada e espantada, a menina se decepcionou. A culpada era uma senhora alta, esbelta e cheia de ouro. A dona do gigantesco apartamento necessitava de uma boa empregada que aceitasse uma pequena quantia em dinheiro e sem compromissos legais.
Lúcia, que se transformou em mulher logo ao sair de casa, pensou um pouco e decidiu não se render ao primeiro obstáculo: aceitou.
Humilhada pela nova realidade, calada sem poder contar aos familiares, desanimada com o ritmo de trabalho, fatigada pelas excessivas correções aos seus modos comportamentais, emagrecida pela censura feita à sua comida e solitária por não conhecer as pessoas, Lúcia encontrou forças incríveis que a fez criar um grande objetivo na vida: estudar para orgulhar os desacreditados.
Passaram-se 4 anos, a menina mudou-se, trabalha para outra senhora, trabalha legalmente para uma agradável senhora e estuda nas suas horas extras, a fim de “dar conta” da faculdade.
Lúcia não se envergonha: sonha. E como sonha essa morena! De um sorriso lindo e um corpo esbelto, essa mulher provoca longos olhares, alguns sem tesão, mas todos cheios de fascinação. E é impossível não se apaixonar por uma menina que escuta rádio no trabalho e daqui 4 anos será uma grande estrela... do rádio?! Não sei... Mas com certeza, estrela da vida!