10 de novembro de 2008

Paulo é assim: ousa nas cores e na vida

Quanta coragem a de Paulo.
Corajoso ele não titubeou, saiu de casa, mesmo vendo pela janela que o dia estava com a cor da sua camisa preferida: cinza. Paulo é corajoso e ousado. Ousou no tom de sua roupa e resolver sair todo de azul, com uma calça jeans azul escuro e uma linda camisa simples azul-marinho. Todo azul, azulzinho.
E estava se achando lindo quando encontrou as amigas. A cor certamente ofuscou o cinza do céu e parecia lhe causar uma festa interna. Eram só sorrisos. Mas sorrisos aflitos, porque para completar a onda, ele estava com um aperto, com um desejo estranhamente gostoso.
Naquela manhã, a única coisa que aquele rapaz queria, era ter um amor repentino, desses amores que alguns chamam de extensão do “subway people”. Sim! E para quem não sabe do que se trata, eu conto que o “subway people” é uma expressão proveniente do sentimento quando avistamos a pessoa mais linda do mundo, a qual temos a plena certeza de nunca mais vermos.
Paulo queria isso. Encontrar uma mulher incrivelmente linda, beijar e convidá-la à uma viagem para aquela cachoeira verde e gostosa. E transar. Trepar loucamente, gozar por todos os coitos mal-feitos. E depois sumir, nunca mais ver a deusa. Nunca.
Nesse misto de prazer e êxtase, aquele homem passou toda a manhã a pensar em mil coisas gostosas. Até que resolveu almoçar, comer um belíssimo macarrão ao molho branco.
Natália, sua amiga convidou-o para um almoço num restaurante simples mas saboroso. Paulo se fudeu. Estava sem grana, andou muitos quarteirões mas todos os caixas-eletrônicos estavam fudidos e ele não conseguiu sacar dinheiro algum. Natália lhe emprestou uma nota rosinha e depois de uma hora os dois almoçaram uma comida fria em sem gosto.
No escritório, quando chegou, haviam 5 mulheres lhe esperando. Queriam um trabalho urgente e falaram por 30 minutos na sua cabeça. Paulo ficou preto de ódio. A cor da camisa? Sumiu.
Para relaxar e fechar o dia com um sorriso entre dentes, aquele homem foi malhar. Caiu três vezes da esteira, deixou despencar os 25 quilos que ousou levantar e ainda por cima entrou no banheiro errado. Paulo torcia para estar de marrom, passar despercebido.
No caminho de volta para a casa, algo lhe acontecia. Era o tesão. Uma menina, dessas bem ninfeta, olhava como quem queria algo. Paulo abriu os ombros, estufou o peito e imaginou a buceta rosinha. Meu Deus! Ele errou. Quando já estava quase gozando de alegria, a garota olhou para o bunda de uma outra garota, olhou para Paulo e deu um sorrisinho malicioso, pedindo confirmação de que aquela bunda era realmente um espetáculo.
Putz Paulo. Que dia!
Paulo chegou em casa, tomou um belo banho. Fumou mais três cigarros e resolveu ir dormir. Largou de lado todo o trabalho que tinha. O dia estava cansativo demais para ainda ser vivido.
Porra! Quanta coragem a de Paulo. Corajoso ele saiu de casa. E ainda pior: Ele dormiu. Talvez esperando outro dia chegar. Devia ter se matado, ou escolhido uma camisa vermelha.
Vermelho sempre me dá sorte.