6 de maio de 2009

SOMOS todos IGUAIS nesta noite

Ah! Aquelas meninas se beijam e se amam. Amam um amor de vergonhas, de orgulhos e de afirmações. Aquelas meninas não se gostam, compactuam do mesmo desejo em chocar. E aquele cara, que beija mulheres e homens, chupa, come, dá, acordando sempre sozinho. E aquela garota que fala do Privillège, que fala das amigas e fala dos tantos recordes que sua boca já alcançou. E aquele menino, que malha o dia inteiro, se masturba em frente ao espelho e não deixa mulher alguma encostar em seu corpo, tem ciúmes de si. E aquela outra que só diz "fala sério!", "que vibe!". E aquele que só pensa em rave, só pensa em sexo, só pensa em festa. E aquela que conhece todos os homens e não conhece homem nenhum. E aqueles meus amigos. E aqueles conhecidos. E aqueles tantos. Aqueles.
Os meninos apontam. As meninas riem. Os garotos beijam, e elas também. Amanhã tem festa, eles vão. Ontem fulano pegou sicrano. Hoje tem a porra da prova. Aquele gatinho tá fortinho, vou pegar. Que bunda aquela delícia tem. Talvez eu não beba muito, quero voltar pra casa. Ou talvez eu encha a cara e só volte amanhã. Se não tiver nada pra fazer a gente dá uma volta.
São voltas infindas.
Ela dá voltas até agora. E há quem diga que ele só irá parar daqui um tempo.
São voltas doídas.
E eu aqui, amando a mesma mulher, amando a solidão e a sobriedade. Eu aqui, pensando em atos, agindo em fatos, só observando. Eu que já plantei uma árvore e até mesmo uma filha eu já tive. Só me falta um livro. Só não me falta o medo.
Daí eu me lembro. Não importa a hora que chegamos, com quem chegamos, e como chegamos. Dormimos os memos sonos. Dormimos os mesmos planos. Rumamos à mesma meta. Só não seguimos o mesmo caminho.