29 de julho de 2009

Mabe

Acordou lá pela 7 ou 8 da manhã, deu aquela espreguiçada e correu para o banheiro. Um calor preenchia toda a extensão de seu corpo, que não era lá muito pequeno. Demorou bons 30 minutos debaixo daquela água quente e relaxante.
- Zuzu, meu café já está na mesa? - gritou para a ajudante, num estranhamente alegre.
Trocou-se e passou um perfume francês que havia comprado na última viagem à Europa. A roupa, era de uma grife italiana, de um tecido chiquérrimo, toda cinza com prespontos em preto. Sentou-se a mesa, beliscou um paõzinho, tomou o suco verde que não consigo distinguir e provou a torta de maçã que Zuzu viu na Ana Maria no dia seguinte.
Correu para o quarto, deu um cutucão no marido e disse:
- Vou à feira, meu amor.
Pediu que Jorge tirasse o carro da garagem enquanto passava um belíssimo batom escarlate. Quando saía, gritou mais uma vez à Zuzu:
- Querida, acorde o João à 10. Ele me pediu mas eu estou de saída.
Fechou a porta. Entrou no carro. Parou em Ipanema, comprou verduras e mais verduras. Aproveitou e passou numa floricultura na Visconde de Pirajá, comprou duas orquídeas, um buquê de tulipas rosas e muitas, muitas, muitas rosas brancas.
Na volta, não resistiu. Estacionou o carro em frente a Argumento e comprou o último livro da Livia Garcia-Roza. Foi à Cafeína, logo na frente e se deliciou com um belo cookie. Seguiu.
Quando chegou em casa, já eram duas horas, nem havia se dado conta. Não tinha fome.
Recostou-se na sala e tirou um cochilo junto ao marido. Lindo.
Ao acordar foi à copa e esticou sobre a mesa a belíssima toalha indiana que comprou há dez anos. Junto com a ajudante organizou os talheres e as taças, os pratos. O cheiro de ervas e frango já se espalhava pela casa. Deliciosamente convidativo. Tomou novo banho. Arrumou-se. Perfumou-se. Maquiou-se. E quando o relógio já apontava 20 horas chegou a velha amiga Bárbara. Depois Petrônio, Juca, Giullia, Malu, Cícero, Léo, Leda, Josefa, Bernardo e muitos outros. Somavam-se 20. Esperou todos conversarem e convidou-os para irem à um espaço anexo, motivo de tal festejo.
Abriu as belas portas esculpidas pelo artesão de Copa e acendeu as luzes. Só se ouvia:
- Manabu é incrível!
Ao término deitou sobre a cama, com um sorriso de quem havia realizado seu maior sonho. Não era artista, nunca havia estudado (como Mabe), mas, cedo, cedo apaixonou-se pelo pintor que pintava tudo que seus olhos mais gostavam. Com o sorriso pueril cerrou os olhos, que eu vi, não mais brilhavam.