O primeiro livro que li de Martha Medeiros foi comprado numa promoção, sem ao menos ler a orelha. "Trem bala" reúne mais de 100 pequenas crônicas produzidas por essa excelente escritora. O livro foi deliciosamente devorado e já emprestei diversas vezes, todos gostaram. Mas acompanho ela aos domingos, em sua coluna no suplementa "Revista O Globo", que chega logo pela manhã em minha casa.Martha é gaúcha , ex-publicitária, escreve para os jornais Zero Hora e O Globo. Sua obra soma mais de 10 livros, entre eles o sucesso dos cinemas "Divã".
"Selma e Sinatra"foi uma das minhas últimas aquisições, também em uma promoção. A contracapa me chamou atenção por se tratar de um romance sobre biografias. Mas vai além. Muito além.Guta é uma jornalista frustrada, sem grandes obras publicadas e sem prêmios, que vive no "mais ou menos" há 41 anos. Seu grande projeto para se firmar no cenário literário-jornalístico é a biografia de uma das maiores cantoras do Brasil - Selma.
Logo no primeiro encontro já é percebido o caráter linear daquela publicação. A vida de Selma é feliz e sem sobressaltos. O que chamamos de sem sal.
Martha Medeiros revê nossa avaliação, questionando nossos desejos, coragem e necessidades. "Selma e Sinatra" é uma bela história de como observamos a vida e de como somos observados.
Nossos discursos, constantemente, estão recheados de palavras pacificadoras e anseios por menos pressa. Mas não é bem assim, e a autora nos mostra que somos envolvidos pela insensibilidade, urgência, violência e incoerência.
Um grande acerto de Martha. Um grande acerto aos que leêm.
