26 de setembro de 2010

Da velhice das coisas

Para quem guarda, essa velha senhora, a lustrosa panela ganhada no bingo do passado mês? Para quem guarda o novo conjunto de dormir, florido e cheiroso? Para quem, a louça, pintada à mão e proveniente do sul?
Para quem guarda, a senil Maria, suas tantas meias empacotadas? Para quem guarda, os sabonetes ganhados de aniversário e reunidos, todos, na gaveta do guarda-roupa? Para quem, as tantas velas queimadas no muro de entrada do velho casebre? Para quem, as folhas de arruda?
Por quê guarda, no leito da morte, o sorriso escondido há anos?