21 de setembro de 2010

Polissílabo

- Gosto de vinho tinto. Seco.
- Seco?
- O amargor. O sabor da uva cortante na boca.
- Queijo.
- Também. Vinho combina com tudo. E com nada... (risos) Combina com nada (passando a mão no corpo).
- Sexo.
- Quem me dera ser tão direta, assim. Prefiro as entrelinhas. O subjetivo.
- Hum.
(silêncio)
- No entanto me rendo ao universo objetivo do Piva.
- Engano.
- É. Ainda não falei da minha preferência por entender as coisas do meu jeito. Sempre acredito, com veemência, no que desejo crer. É uma questão de fuga. Uma saída para um lado mais óbvio. E eu encontro isso no que gosto de ler. Encontrei até nele.
- É... (mãos se esfregam no rosto)
- Cansou?
- Não.
- Quando começo não paro.
- Bom.
- Não é isso. Sou verborrágica. Adoro falar.
- Solidão.
- Sou de ficar sozinha o tempo todo, mesmo. Sou de ouvir o barulho das pegadas de uma formiga. Mas quando pego pra falar...
- Recompensa.
- É...Viu?! Você entende...
- Tempo.
- Você me entende.
- Tento. (risos)
- Apesar de nos conhecermos há pouco eu já sabia. Sou muito de sentir as coisas. Eu sempre sei quando vou gostar ou não de alguém. Olhei você e tive a certeza.
- Qual?
- (risos)
- Qual?
- Essa mesa tá ficando pequena.