24 de novembro de 2010

Sobre trabalhos

na quinta cheguei cansada. cansada dos gritos da Dora na minha cabeça. cansada pelos constantes telefonemas da diretora reclemando do Antônio. cansada de comer frituras na rua de trás. cansada pelos sapatos apertados que não tive tempo de trocar. cansada. cansada de ter que tentar 3 vezes até abrir a porta da sala. De tão cansada, dessa vez nem tentei, fui logo à porta da cozinha, enfiei a chave e rodei. A porta abriu macia, num quase 60º, permitindo-me a visão completa da geladeira. Mirando a geladeira, vi a porta branca que ostentava um papel amassado, como que já jogado no lixo. Um bilhete do Luiz:

"meu amor,
senti saudades de você ontem à noite. senti saudades, também, anteontem... e na semana passada, no mês passado. sinto saudades desde o ano retrasado.
desculpe-me
um beijo"

a casa suja. o armário limpo. os dois rastros paralelos, de uma borracha negra, que cruzavam, a sala de piso tão branco vazavam pela porta de entrada. a escova jogada no lixo. a biblioteca toda vazia.
só assim Deixei De Viver Tão Cansada.