30 de junho de 2014

Primeiro

Ainda bem, fazia sol. não me esquentei, mas sabia da claridade. por dentro estou escuro, dessas cores que não sabemos o nome. estou dolorido. estou flutuante, algo fora de mim. tento me recolher, mas sou todo cacos. restos de lembranças que forjaram quem sou. vestígios de todos os nossos risos, nossos encontros, nossos jantares, nossas frustrações, nosso arrebatamento, nossas conquistas, nossos beijos. sou eu diante do que já não é. sou o que fica, sem saber e ansioso por saber como vai ser. sou um desconhecido, com medo de não me suportar. ainda assim, levantei, certo de que hoje, apenas, antecede amanhã.