3 de junho de 2009

Yeux des mes amis - Parte III


Hoje ele não conseguiu perceber grandes momentos de arrogância, se ateve aos olhares que despertou, se manteve no carinho que lhe enviavam e na paciência que alguns têm com ele. Hoje já conseguiu ser um pouco mais natural, pensando no que dizer e na forma que diz. Hoje descobriu o quanto já tem se transformado, o quanto suas tentativas têm tido sucesso, o quanto está bem. Hoje sorriu.
Ele ficou pensando, durante esses primeiros três dias, se escrever um diário não seria também uma forma prepotente de publicar o bem que tem feito. Mas não. Escrever para ele é uma boa e gostosa terapia, um jeito prazeroso de estancar o sangue que lhe corrói o peito. E admite: Tem doído perceber-se tão cruel.
Escrever é acalentar. É cantar pra ninar. É dormir em travesseiro de pluma.
Os olhares que se encontraram hoje foram olhares amigáveis, afáveis e cheios de atenção. Na verdade, sua testa sempre franzia, e era isso que distorcia o plano a sua frente. As pessoas não mudaram.
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PALAVRAS-CHAVE nesse momento:
se
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Dizem que as primeiras ações devem ser feitas dentro de casa.
Ele hoje presenteou a mãe. Beijou docemente a mulher. Cuidou da cria.
Ele hoje soube abaixar um pouco mais a cabeça e curvar-se às fragilidades que lhe cobrem o cotidiano.
Mas hoje não é amanhã. O exercício não acabou. É só o começo.
(...continua...)